O menino de olhos tristes
descalçou os sapatos,
rasgou os contratos
e partiu.
Foi colecionar estrelas.
Algumas delas
deslizaram do escuro
e ofereceram-se encantadas;
outras, lívidas de espanto,
ficaram acuadas sem se entregar,
pois o menino de olhos tristes
destelhara os segredos da noite
e dominara os decretos do mar.
Ao perceber-se abarrotado de estrelas,
o menino içou as velas
e voltou.
Mas - surpreso - constatou
que sua coleção tinha debandado
e retornado a seu próprio território.
Ele olhou o céu novamente estrelado
e dormiu agradecido.
O menino de olhos tristes tinha aprendido
a beijar a vida e abraçar o transitório.
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Ilustração de Douglas Soares
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