sábado, 29 de novembro de 2008

Divertimento - Henriqueta Lisboa


O esperto esquilo
ganha um coco.
Tem olhos intranquilos
de louco.
Os dentes finos
mostra. E em pouco
os dentes finca
na polpa.
Assim, como perfeito estilo,
sob estridentes
dentes,
o coco, em segundos, fica
todo ôco.
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Raridade - José Paulo Paes


A arara
é uma ave rara
pois o homem não pára
de ir ao mato caçá-la
para a pôr na sala
em cima de um poleiro
onde ela fica o dia inteiro
fazendo escarcéu
porque já não pode voar pelo céu.
.
E se o homem não pára
de caçar arara,
hoje uma ave rara,
ou a arara some
ou então muda seu nome
para arrara.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Sol - João de Deus Souto Filho


Tenho um Sol só meu
Feito de sonho e magia,
De cor amarela
E jeito engraçado :
- Quando é dia
Ele sorri e me espia.
- Quando é noite
Ele dorme e se esfria.
,
(recolhido do livro “Na Ponta Da Pena”)
,

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Pipa e o Vento - Cleonice Rainho

,
Aprumo a máquina,
dou linha à pipa
e ela sobe alto
pela força do vento.
,
O vento é feliz
porque leva a pipa,
a pipa é feliz
porque tem o vento.
,
Se tudo correr bem,
pipa e vento,
num lindo momento,
vão chegar ao céu.
,

terça-feira, 25 de novembro de 2008

As Bonecas - Rosângela Trajano

,
Tenho muitas bonecas
Que ganhei de presente
Do papai e da mamãe
Bonecas que parecem gente.
,
Algumas podem falar ou andar
Outras chegam a sorrir
Prefiro as bonecas de panos
Que a vovó adora costurar.
,
Toda menina tem uma boneca
Para com ela brincar
São as guardiães dos nossos segredos
Nelas podemos confiar.
,

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Arca de Noé - Vinicius de Moraes / Toquinho / Ernst Nahle



Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata
,
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata
,
E abre-se a porta da arca
Lentamente surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
,
Vendo ao longe aquela serra
E as planícies tão verdinhas
Diz Noé: que boa terra
Pra plantar as minhas vinhas
,
Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante
,
E de dentro de um buraco
De uma janela aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece
,
"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta, e o tigre - "Não
,
"A arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Entre os pulos da bicharada
Toda querendo sair
,
Afinal com muito custo
Indo em fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais
,
Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida
,
Longe o arco-íris se esvai
E desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Erguem-se os astros em glória
,
Enchem o céu de seus caprichos
Em meio à noite calada
Ouve-se a fala dos bichos
Na terra repovoada
,

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

HOJE É DIA DE CECÍLIA! BLOGAGEM COLETIVA




Cantiga da Babá - Cecília Meireles
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Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de caracóis.
Mas ele quer cortar o cabelo,
porque é pescador e precisa de anzóis.
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
Eu queria dar ao menino
umas asinhas de arame e algodão.
Mas ele diz que não pode ser anjo,
pois todos já sabem que ele é índio e leão.
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(Este menino está sempre brincando,dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um anjo escondido,um anjo que troça de mim.)
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**** Blogagem Coletiva sugerida pela querida amiga Leonor Cordeiro (http://leonorcordeiro.blogspot.com) para homenagear mais um ano de nascimento de Cecília Meireles.
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