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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Canção Amiga - Carlos Drummond de Andrade


Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos
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Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
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Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri
No jeito mais natural
Dois carinhos se procuram
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Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas
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Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Parêmia de Cavalo - Carlos Drummond de Andrade

(Pintura de Sérgio Bastos)
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Cavalo ruano corre todo o ano
Cavalo baio mais veloz que o raio
Cavalo branco veja lá se é manco
Cavalo pedrês compro dois por mês
Cavalo rosilho quero com filho
Cavalo alazão a minha paixão
Cavalo inteiro amanse primeiro
Cavalo de sela mas não pra donzela
Cavalo preto chave de soneto
Cavalo de tiro não rincho, suspiro
Cavalo de circo não corre uma vírgula
Cavalo de raça rolo de fumaça
Cavalo de pobre é vintém de cobre
Cavalo baiano eu dou pra fulano
Cavalo paulista não abaixa a crista
Cavalo mineiro dizem que é matreiro
Cavalo do sul chispa até no azul
Cavalo inglês fica pra outra vez.
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Parêmia = provérbio
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

No Banco de Jardim - Carlos Drummond de Andrade


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No banco de jardim,
o tempo se desfaz
e resta entre ruídos
a corola de paz.
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No banco de jardim,
a sombra se adelgaça
e entre besouro e concha
de segredo, o anjo passa.
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No banco de jardim,
o cosmo se resume
em serena parábola,
impressentido lume.
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